Júlia Selles é graduada, licenciada e mestre em música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, na linha de pesquisa Etnografia das Práticas Musicais. Desde 2017 vive em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde tem trabalhado como violinista, pianista, cantora, professora e compositora tanto no meio musical, como nas artes cênicas e nas redes de ensino básico.Em Campo Grande, foi integrante dos conjuntos musicais Forró PVC, Coxa Bamba, Disfarça e Chora, Chorinho do Pôr do Sol e Flor de Pequi – que teve seu início em 2019 e, desde então, segue se apresentando em Campo Grande e diversas cidades de Mato Grosso do Sul. No Flor de Pequi, atua como cantora e violinista, executando repertórios standards dos gêneros xote, baião e xaxado, repertórios fronteiriços da região de Mato Grosso do Sul, além de composições próprias do grupo Flor de Pequi.Como professora de música, lecionou na APAE em 2017 e 2018, na rede municipal de ensino em 2020 e desde o ano de 2019 é professora de música na Escola Estadual Professora Clarinda Mendes de Aquino. Em 2017 foi professora de canto e preparadora vocal do grupo de teatro Imaginário Maracangalha, através do projeto Maracangalha – 11 anos nas ruas.Em 2023, junto ao grupo Flor de Pequi, trabalhou como violinista, cantora e compositora do espetáculo circense Variété, realizado no circuito estadual de artes cênicas Boca de Cena. Em 2024, junto a mais duas artistas, escreveu o espetáculo teatral A menina, a mãe e a lua, no qual atua como instrumentista, compositora e atriz. No mesmo ano, o espetáculo esteve em cartaz no Ateliê Ramona Rodrigues e foi apresentado no espaço Fulano di Tal, ambos na cidade de Campo Grande.
Com uma atriz e uma musicista em cena, os sons ao vivo do violino, canto, piano e teclado sintetizador, a história é contada, trazendo a importância dos livros e da tradição oral como formas de transmissão de conhecimentos sobre a saúde feminina, além de abordar a força e a autonomia feminina sobre o parto e a importância da preservação do meio ambiente para que sejam asseguradas a saúde e a beleza no viver. A contação pode ser realizada em teatros para até 100 pessoas e bibliotecas para público de até quarenta pessoas de todas as idades. Ao final de cada apresentação, será feita uma breve conversa com o público, buscando compreender quais foram as suas percepções e reflexões. Com isso, pretende-se valorizar e incentivar a contação de histórias, sejam elas através da leitura, da escrita, ou transmitidas oralmente, mas não qualquer estória e, sim, aquelas que possam contribuir para a consolidação de um mundo melhor, sem a devastação de pessoas e do meio ambiente. A degradação do meio ambiente é algo cada vez mais vivido diretamente por todos, uma vez que resulta em grandes impactos na vida social, como a escassez de recursos, os prejuízos à saúde e a vulnerabilidade em meio as tragédias ambientais. Boa parte desses graves problemas de nossa época se dá pelo poderio tecnológico que provoca intensas intervenções nos ciclos da natureza, ao mesmo tempo em que, através do mundo digital, distancia as pessoas da realidade material, incluindo o distanciamento das pessoas, umas das outras. Diante disso, o projeto em questão traz à tona a valorização da transmissão e das vivências de conhecimentos tradicionais sobre saúde, cuidados e meio ambiente, através da contação e da leitura, em um espetáculo de ritmo mais lento e de sonoridades predominantemente acústicas, em contraste com o ritmo acelerado imposto pelas tecnologias digitais e com maior proximidade a cantos e estórias passados de geração em geração. Ao tratar de questões sobre a vida e a morte e o mundo que nos cerca, a história propõe que os olhares para o outro e para a natureza sejam repletos de cuidados. Para isso, entendemos que teatros e bibliotecas são espaços privilegiados para reforçar tais conteúdos, ao mesmo tempo em que se busca incentivar a ida do público a tais espaços, bem como a ler, escrever e contar histórias que visam um mundo melhor.